sábado, 31 de julho de 2010

Álvaro Ca'susto continua a saga Branco-Naxos

Mais um disco de Freitas Branco pela Naxos com a soberba orquestra irlandesa RTÉ National Symphony Orchestra, a ser dirigida por Álvaro Ca'susto. É já o terceiro volume desta notável colecção, dedicado precisamente às não menos notáveis Sinfonia Nº3, A Morte de Manfredo e Suite Alentejana Nº2. Ocupadíssimo com a gravação do próximo disco, em que se incluirá a Sinfonia Nº4, Álvaro Ca'susto teve apenas tempo para um breve telefonema ao Bocas de Fígaro no qual se mostrou bastante satisfeito quanto ao trabalho realizado: «Acho que dirigi bem, o produto final mereceu a paciência que tive com o naipe dos metais. Às vezes portavam-se mal, mas nada que alguns insultos em celta não resolvam. Em Portugal é mais complicado». Questionado sobre a sua apreciação das obras do compositor, adiantou que «Tal como já disse numa outra entrevista, o caso de Freitas Branco era como o de Joly Braga Santos. Ambos foram incompreendidos pelos seus contemporâneos. Nós tínhamos o Emmanuel Nunes, que é assim do tipo serial, e o Jorge Peixinho, que é, assim do tipo, e outros - mas o Branco e o Braga só queriam escrever sinfonias muito bonitas». 


O grande crítico David Hurwitz já classificou este disco com 9 valores, numa escala de 0 a 10. O Bocas de Fígaro quis no entanto conhecer a opinião do maestro Gyula Németh, cuja gravação da Sinfonia Nº3 era, até agora, a única.


«Baboseiras! Desde quando é que os irlandeses tocam melhor que os húngaros a música portuguesa!? Ainda por cima com um maestro americano!... A qualidade de som está americana como ele: é boa para filmes, claro, mas a minha interpretação é muito mais sóbria... E portuguesa! Um amigo meu disse ouvir Camões nas entrelinhas dos violinos, e Fernando Pessoa no cantar dos violoncelos. E não se esqueçam que o meu disco foi gravado no século passado, no longínquo ano de 1982, quando ainda os microfones eram um milagre recém-descoberto, quer em Portugal, quer na Hungria».

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Mestre Organeiro prevê avaria dos órgãos de Mafra

Revendo-se nas informações contidas no último despacho do Ministério Público sobre o caso Freeport, onde os procuradores alegam não ter tido suficiente tempo, ao longo dos 6 anos de processo, para entrevistar José Sócrates como quereriam, o mestre organeiro Dinarte Machado, responsável pelo restauro dos 6 órgãos da Basílica de Mafra, dirigiu-se ontem à varanda principal do Convento para anunciar a tragédia. Ao que o Bocas de Fígaro conseguiu apurar, os mais de 200 anos que passaram desde a última actuação conjunta dos órgãos (em que os últimos 11 foram finalmente dedicados ao restauro conjunto dos seis instrumentos) não foram suficientes para resolver alguns problemas técnicos fulcrais à sua utilização. Assim sendo, segundo o mestre, «pois se até aqui foram dois séculos para resolver as infiltrações de água nas capelas, prevejo que só lá para 2312 os órgãos possam voltar a tocar outra vez juntos». E justifica, dizendo que «com o aquecimento global e a crise, ainda por cima, o nível das águas sobe e não dinheiro para combater isso!».

Perante o tenebroso anúncio, a população, que acorrera em massa, começa a discutir culpados. Fontes que não desejam ser identificadas, com medo de represálias, afirmam ter visto dois trolhas ucranianos a fazer esgrima com alguns dos tubos mais finos, na altura do seu transporte para o interior da Basílica. Outros referem o facto de terem visto alguns organistas da cidade a encomendar tubos de canalização numa loja de chineses na Malveira. No entanto, Dinarte Machado desvaloriza comentários dos populares. «As pessoas têm de compreender quando não estão habilitadas a falar de certos assuntos técnicos». No entanto, refere que «é possível que os problemas que encontrámos depois do concerto inaugural de Maio sejam devidos a rasgões do tecido utilizado nos foles». A investigação do Bocas de Fígaro levou a indícios de que esse tecido (com depósitos de sal) teria sido conseguido, ainda em meados do século XIX, através do desmantelamento das naus portuguesas que terão participado, entre outras, na viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Natália de Andrade lança integral de Joly Braga Santos

Acaba de ser lançada a integral para canto e piano de Joly Braga Santos, na inconfundível voz de Natália de Andrade, mas uma estranha confusão nos estúdios de gravação fez com que o disco fosse comercializado como sendo de Elsa Saque. Em declarações prestadas ao Bocas de Fígaro, Natália de Andrade acusou o meio artístico português de indecência e mesquinhez, enquanto lamentava a precariedade em que vive actualmente: «Até já dizem que morri. Mas continuo a ser vítima de atentados. Tudo inveja! Vivo na miséria e ainda se aproveitam das minhas gravações para vendê-las com outro nome!». Contactada pelo Bocas de Fígaro, Elsa Saque recusou prestar quaisquer declarações. O caso está a ser investigado pela ASAE.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Bandas juntam-se em arrastão na Costa de Caparica



Foi na manhã de hoje que tudo aconteceu. Quem já se encontrava por volta das 11h na Costa de Caparica, aproveitando o calor forte que se fazia sentir, foi certamente surpreendido por um grupo de jovens armados com os seus instrumentos de sopro. Segundo os relatos, os jovens levaram a cabo um "arrastão", ameaçando os banhistas com uma eventual actuação das respectivas bandas, no caso da sua não cooperação total. Ainda assim, houve quem resistisse. Segundo dados do INEM, 14 pessoas ficaram feridas, 6 delas com gravidade, sendo que todos os ferimentos se restringiram ao aparelho auditivo. «Houve 7 deslocamentos de bigorna, 3 do estribo e a explosão da parede de um canal de Eustáquio, sendo que todos os feridos graves romperam inevitavelmente o tímpano», conta-nos um dos socorristas, «no entanto, e felizmente, não ocorreram casos de surdez total, ainda que nalguns casos o choque traumático tenha causado surdez parcial ou momentânea». A polícia conseguiu identificar alguns dos instrumentistas, concluindo que estão inseridos em bandas da região de Setúbal. No entanto, não houve detidos. «Um escândalo!», na opinião de Dona Odete, uma das vítimas. «Deviam era obrigar os polícias a ouvir uma hora inteira de pífaros e cornetas como aconteceu a alguns de nós... Corriam logo mais depressa atrás dos bandidos!», conclui.